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Nicolly Omena 

Simone Omena

Memória

 

Quando me casei, queria logo aumentar a família, mas meu esposo me pediu para esperar um pouco mais.

Perto de completar 2 anos, descobri que estava gravida, meu DEUS que felicidade, começamos a pensar no nome, mesmo sem saber o sexo do bebê.

Um dia andando pela rua com meu esposo, escuto um grito, alguém chamando (Nicolly), disse é esse, se for menina vai chamar Nicolly, e não deu outra, quando fiz o ultrassom, mostrou que seria menina, começamos a fazer tudo com muito carinho e amor, fizemos o enxoval, bercinho montado, tudo perfeito, até que no dia 15 de julho de 2003, chegava ao mundo a princesinha mais linda.

Mesmo na barriga, ela já era muito amada e esperada, quando nasceu trouxe muita luz para toda a família.

Nicolly era muito paparicada por todos, imagina a primeira sobrinha mulher, primeira neta, era o chodozinho de todos.

O tempo foi passando, minha princesa sempre foi muito amorosa até com quem ela nunca viu, com 3, 4 aninhos não podia ver um idoso que já corria pra abraçar e dar beijo, dizia que era o vozinho ou a vozinha, sinto que no coração dela todos faziam parte da família.

Não podíamos entrar no ônibus que ela queria beijar o motorista e olha que não adiantava falar pra ela que não podia, pois entrava por um lado e saia pelo outro, bastava sair de casa que ela fazia tudo novamente.

Até que chegou os 5 anos fizemos uma festa linda, o sorriso dela encantava a todos, depois de alguns meses minha filha teve 3 episódios que pareciam desmaios, não chegava apagar de vez, ela ficava meio aérea, eram segundos coisa muito rápida, só que um dia não estávamos perto dela e acho que demorou mais, corremos com ela para o hospital e lá chegou com começo de iportemia, ficou 3 dias em observação numa semi - UTI, até que encaminharam para um cardiologista, onde pediram todos os exames e fomos fazendo aos poucos conforme os encaminhamentos, até que chegou o dia do teste ergométrico, meu esposo entrou com ela e eu fiquei na sala de espera, não deu muitos minutos e os dois voltaram, meu esposo parecia preocupado, disse que o médico interrompeu o exame e pediu para esperar lá fora, depois de alguns minutos, vinha em nossa direção 8 médicos, fizeram uma roda entre nós e disseram que dali não poderiam deixar minha filha sair, teria que ser internada, para uma possível colocação de marcapasso, nos explicaram que ela tinha a síndrome do QT - LONGO, um tipo de arritmia muito rara, imagina nosso mundo foi ao chão em questão de segundos.

Tivemos que tratar da internação, meu esposo ficou com ela e eu fui para a casa desnorteada, precisava arrumar nossas roupas, pois teríamos que viver por um tempo ali dentro do hospital.

E assim foi nossa rotina por 30 dias, eu e meu esposo revisávamos para ficar com ela.

Ela tomava medicação para o coração não acelerar,como não teve nenhum contratempo os médicos acharam que não precisava colocar o marcapasso.

Voltamos para casa e fazíamos acompanhamentos, todo ano fazia uma bateria de exames e nada de intercorrências, tudo normal, apenas tomava a medicação, foram assim por quase 5 anos, minha princesa nunca passou mal, nunca teve nada, pensavamos que era até mentiras do médicos, em casa a gente conversava e dizíamos que nem os médicos sabiam o que ela tinha, pois afinal aparentemente ela não tinha nada.

Nesse tempo sempre pedia em minhas orações para que DEUS curasse minha filha e que mostrasse para os médicos que ela estava curada. Nesse tempo todo, minha princesa viveu intensamente, sempre alegre e sorridente, encantando a todos que cruzavam o caminho dela, não é porque é minha filha não,mas ainda não conheci uma criança tão querida e amada por todos.

Nicolly era amiga, meiga, sorridente, amava a todos, não fazia diferença de ninguém.

Nós eramos muito grudadas, estavamos sempre juntas, ela me enchia o saco para fazer as coisas sozinhas e eu com meu zelo de mãe, não deixava, ela fazia aula de reforço, pois não era muito chegada a estudar, eu levava e ia buscar na casa da professora, mas ela sempre insistia em ser independente, pedia para ir e voltar sozinha, mas eu nunca deixava.

Até que um dia de tanto ela insistir falei tá bom a mãe te leva e pede pra professora deixar você voltar, só que eu venho te encontrar.

E assim foi, levei comecei a conversar e esqueci de falar para a professora, já havia dado tchau, quando ela me chama, (mãe) eu olhei para trás e ela estava sorrindo, e me disse em ir embora, ai eu lembrei e falei para a prof. quando der a hora pode deixar ela ir sozinha, pois estarei vindo encontrar com ela, a mulher disse tudo bem, quando deu a hora fui ao encontro dela, quando virei a esquina, minha filha estava no chão rodeada de pessoas, corri ao encontro dela e vi que minha filha estava morta, pedi ajuda,para que alguém me ajudasse a chegar até o hospital, colocaram ela no meu colo e fomos quase voando para o hospital, chegando lá foi para a emergencia e minutos depois a médica me chamou e disse, conseguimos trazer sua filha de volta, mas a senhora sabe que ela chegou aqui morta. Eu respondi que sim, mas estava pedindo a DEUS para me dar mais uma chance de pode ter inha filha ao meu lado.

Só que durante esse tempo ela teve mais 5 paradas cardíacas e na última o médico foi na sala de espera e chamou eu e meu esposo e pediu para que fossemos se despedir dela, pois essa ultima parada foi de 25 minutos e se ela tivesse outra ela não resistiria, não me esqueço do doutor até hoje, ele suava de tanto esforço para trazer minha menina de volta.

E assim ela ficou 7 dias na UTI, eu e meu poso não saiamos do lado dela, até esqueci que tinha o Ryan, meu esposo sempre soube que ela não sairia dali com vida, mas eu tinha tanta fé que eu não me importava se tivesse que esperar para ver minha filha abrir os olhos e sorrir pra mim novamente.

Só que os exames foram sendo feitos e constatou morte cerebral, gente que dor olhar para aquela cama e ver minha filha tão linda e saber que não havia mais nada a ser feito, parece que nada mais faz sentido, o chão se abre e você se vê num buraco sem fim.

Nesses dias eu não coloquei um grão de comida na boca, as vezes tomava um suco, pois meu esposo me forçava. Até que os médicos nos chamam num lugar reservado e explicava que tinha que assinar o óbito dela, e perguntavam se queriamos fazer a doação de órgãos, perguntei se tinha que ser na hora, ele me explicou que não, que eu poderia pensar, mas que não demorasse muito, pois se não daria tempo.

Fiquei meio tonta e me coloquei a pensar nos anos em que minha filha foi feliz, depois de quase 2 horas, decidi assinar os papéis, para a doação, confesso que enquanto a mulher lia os termos eu olhava para a cama da minha filha e implorava para que DEUS que fizesse um milagre, que desse algum sinal para que aqueles exames parassem, más infelizmente minha vontade não era a de DEUS, nada mais podia ser feito e assim começaram a fazer exames de sangue para saber com qual criança seria compatível, nisso já eram 14:00hs, ficamos ao lado dela até as 02:00hs da manhã, onde vieram chamar para leva - la ao centro cirúrgico,meu esposo foi acompanhando ela, e pediu pra mim não ir, desci as escadas correndo e vi ela com o corpinho quente pela ultima vez, meu esposo entrou no centro cirúrgico com ela e pediu aos médicos que dessem anestesía nela, mesmo sabendo que ela não sentiria nada, olha onde chega o nosso amor.

Agora começava toda a burocracia, meu esposo junto com o esposo da minha irmã (Rogerio), começaram a tratar da liberação do corpo e do velório, passaram a madrugada andando de lugar para o outro.

Ele me liga e me pede para separar a roupa dela, que ele ia passar para pegar, passou pegou e partiu para o necrotério, decidiu ele mesmo trocar ela, colocou a roupinha que ela mais gostava,passou creme no cabelo dela e trançou, escolheu o caixãozinho dela, depois de tudo pronto na hora de colocar a tampa viu que não daria para fechar, pois nossa princesa estava com 1,62 de altura, tiveram que colocar ela num caixão de adulto, tiveram que arrumar tudo novamente e assim foi feito, até que chegou no velório, minha menina estava linda como sempre foi e agora só restou a saudade e as lembranças dos momentos em que passamos juntas.

Agradeço a DEUS pelos 10 anos que pude ter ela ao meu lado, aprendi muito com ela e tenho certeza que ela está num lugar muito melhor que esse, más não posso dizer que a saudade ainda aperta muito, só quem passa pelo que passamos é quem realmente sabe.

Espero que todas as crianças que receberam um pedacinho da Nicolly, estejam vivas e felizes como minha menina sempre foi. Nicolly nasceu e viveu rápido demais, amou e foi muito amada, ela foi um anjo que veio nos ensinar o valor do verdadeiro amor.

mensagem enviada por Simone Omena

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